PÃO DIÁRIO
“CARTA PARA UM PASTOR”
Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei” (Salmos 42:11).
Ontem escrevi o pão diário intitulado “CARTA: O SENTIMENTO NO PAPEL”, confesso que quando escrevi não senti que seria algo que alguém quisesse ler, ou fosse ser de alguma forma tocado por meio dele, ao que quase o descartei. Mas como já estava cansada de um dia inteiro de labuta, e, sem muito tempo de pensar em algum outro assunto, deixei para o outro dia, quando costumo gravar em áudio antes de postar e compartilhar. Pensei comigo: se amanhã ainda estiver com o mesmo pensamento eu descarto, mas se mudar de ideia eu publico.
Depois de uma noite de sono, eu mudei de ideia. Ao ler o pão no dia seguinte senti que deveria compartilha-lo. E, para minha surpresa, ele repercutiu. E, inclusive, veio sugestão e a inspiração para escrever a presente carta que hoje é endereçada a “pastores”.
O referido pão dizia que: “escrever ajuda a lidar com as emoções. A escrita estabelece contato com as emoções. “Escrever é uma forma de terapia”. E, ainda foi sugerido que escrevessem uma carta e transferissem os seus sentimentos para o papel.
Nem um de nós nasceu para ser super-herói, todos, indistintamente, passamos pela adversidade. Passamos por provas, por lutas, por dificuldades, momentos em que a esperança se vai e só nos resta o desespero. O sofrimento, seja físico ou emocional quando se torna intenso passa a ser um fardo pesado e angustiante. Ao longo de nossa trajetória, em algum momento de nossa vida todos pensaremos ou cogitaremos a possibilidade de morrer, se não de tirar a vida, a de não querer continuar vivendo. Circunstâncias desesperadoras levam a atitudes extremas. Quem já não pensou que a morte seria o fim do sofrimento?
Chamou-me a atenção, nestes últimos meses, a quantidade de pastores cometendo suicídio. Confesso que fiquei preocupada com o fato de pessoas que são tidas como referência de “torre forte” desabarem dessa forma. Causou-me preocupação e uma certa curiosidade sobre o que estaria levando estes pastores a cometerem o suicídio.
Encontrei que a causa mais comum noticiada para o suicídio de pastores e líderes, é a depressão associada a esgotamento físico e emocional, traições ministeriais, baixos salários e isolamento por falta de amigos.
Paremos para refletir. O Pastor não é a torre forte que todos nós pensamos. Ele é humano, vulnerável, tem vontades, pensamentos, sentimentos e necessidades. E, sobretudo, é suscetível as mesmas fraquezas que nós. Ele, assim como qualquer outra pessoa, precisa de tempo para cuidar de si, do seu corpo, da sua alma, do seu espírito. Ele é alguém que se doa demais e pouco ou quase nada recebe.
Sei, por experiência própria, que chega um momento que não conseguimos nem orar, até tentamos, mas a aflição, a angústia é tamanha que não conseguimos pronunciar palavras. E, sem contar com o agravante, de a maioria dos homens ser resistente a chorar, não libera lágrimas, engole o choro, porque aprendeu desde pequeno que “homem não chora”, e aos poucos vão se esgotando.
Querido Pastor! Eu não sou psicóloga, não sei como tratar patologias, mas se puder de alguma forma contribuir, eu lhe aconselho a escrever uma carta. Pegue uma caneta e um papel, e transfira para ele tudo aquilo que lhe está afligindo. Tudo que está entristecendo seu coração. Coloque no papel todos os motivos que o levam a preferir a morte. O papel aceita tudo, e, o melhor, ele não cobra explicações, não acusa, não aponta o dedo, ele simplesmente, recebe a escrita.
Transfira para o papel suas frustrações, impotências, fraquezas, medos e insegurança, depois poderás rasgar, queimar, destruir a carta. Mas se preferir escrever, dormir, e ler no outro dia, assim como eu, quem sabe decidas mudar de ideia.
Você pode listar milhares de motivos para desistir de viver, mas lhe dou apenas um para não desejar a morte: “Deus”. Ele lhe confiou um ministério. Não O desaponte.
“O SENHOR é quem tira a vida e a dá” (1 Samuel 2:6)
“Uma das formas de não nos decepcionarmos é não esperarmos das pessoas o que elas não têm para nos oferecer”. Espera somente em Deus!
Tenha um domingo abençoado na Paz do Senhor!

Passo Fundo, 16 de dezembro de 2018.

Marilda Sanderi

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