“DEUS MANIFESTA O SEU PODER ATRAVÉS DOS DEFICIENTES”


Meu filho é portador da Síndrome de West[1]. Trata-se de uma doença grave, que no caso do meu filho, decorreu do parto, onde faltou oxigenação no cérebro desencadeando um retardo mental grave. Meu filho não fala, não caminha, não controla os esfíncteres e depende de cuidados especiais e medicamentos continuamente.
Algumas pessoas perguntam o que teríamos feito eu e o meu esposo para que tivéssemos tido um filho deficiente, como se nosso filho fosse um castigo para redimir-nos de algum pecado.
Esta situação nos remete ao que a bíblia relata sobre os deficientes no livro de João 9:2-3 que diz: “Perguntaram-lhe os seus discípulos: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Respondeu Jesus: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi para que nele se manifestem as obras de Deus.”
Não consideramos nosso filho um castigo, pelo contrário, nos sentimos privilegiados por tão grande ato de confiança, que Deus teve para conosco, nos enviando um filho especial, para que a partir dele pudéssemos entender e receber sua graça.
Para que a obra de Deus se manifeste precisamos crer Naquele que a enviou.
Existe um ditado que diz: “Deus não dá a cruz mais pesada do que podemos suportar” e outro que diz: “Deus manda o frio conforme o cobertor”. Eu acredito que Deus nos envia missões conforme a nossa fé, conforme o nosso merecimento e, juntamente manda força e coragem para cumprir.
Eu creio que Deus teve um propósito para nossas vidas quando nos confiou um filho especial. Ele quis mostrar que tínhamos capacidade de assumi-lo. E, juntamente com nosso filho, Ele deu-nos o discernimento, as habilidades e as competências para criá-lo. E, acima de tudo, Ele nos deu a fé.
Dentre outras coisas, meu filho ensinou-nos a respeitar as diferenças e amar as pessoas indistintamente. Respeitando suas individualidades e suas peculiaridades.
Independente de deficiências, as pessoas são diferentes umas das outras, têm histórias diferentes, vivências, culturas e costumes diferentes. Diante disso é preciso respeitar a todos, compreendendo as dificuldades e as limitações de cada um.
Respeitar as diferenças é amar as pessoas como elas são!
Nenhum relacionamento pode dar certo se as diferenças não forem respeitadas. Seja entre pais e filhos, entre marido e mulher ou entre amigos.
Apesar de Deus ter nos feito à Sua imagem e semelhança Ele nos fez único. Somos únicos para que nos completemos.
Nossa família se completa, pois, eu e meu esposo tivemos uma filha que também foi escolhida por Deus para nos auxiliar nesta missão. Ela tem um carinho e uma responsabilidade muito grande para com seu irmão. Nós quatro nos completamos e procuramos viver de acordo com os ensinamentos Daquele que nos enviou para cumprir missões.
Creio que um dos planos que Deus tem para mim é divulgar as obras maravilhosas que Ele tem realizado em nossas vidas. E, dentre as inúmeras graças que já recebemos do Senhor, eis um breve relato de um episódio ocorrido.
Há alguns anos atrás meu filho foi hospitalizado e estava prestes a realizar uma cirurgia. Esteve com febre alta por mais de quinze dias, sem resposta a nenhum tipo de medicamento, administrados para pneumonia, que foi uma das primeiras suspeitas médicas. Após ter realizado vários exames, pensando se tratar de apendicite os médicos colocaram-no em jejum para fazer cirurgia. Eu não estava segura em relação ao diagnóstico e, portanto, recorri à minha mãe, que é membro da Igreja Evangélica Assembléia de Deus de Passo Fundo, pedindo que enviasse alguém da igreja para orar pelo meu filho. Um dia antes da cirurgia, um irmão veio até o hospital e fez uma oração pedindo que Deus instruísse os médicos que estavam tratando do caso do meu filho, que Ele demonstrasse o verdadeiro diagnóstico. No dia seguinte, alguns minutos antes da hora marcada para a cirurgia, o médico veio até o quarto e disse: “Eu não estou totalmente convencido do diagnóstico, portanto, vou fazer mais um exame antes da cirurgia para comprovar a necessidade”. Então levaram o meu filho para um último exame. Mais tarde, qual não foi minha surpresa, quando o cirurgião veio novamente ao quarto e disse: “O Leonardo não vai mais fazer a cirurgia, o que ele tem é Febre Tifóide[2], nós vamos iniciar imediatamente o antibiótico adequado e ele já poderá voltar para casa”. Deus seja louvado! Segundo o médico, em conversa informal, caso meu filho tivesse realizado a cirurgia, poderia ter ocorrido óbito, pois, nessa situação, havia o risco de uma infecção generalizada.
Deus não levou o meu filho para que eu pudesse testemunhar essa vitória. Meu filho é uma dádiva divina. Somente quem tem um filho especial pode entender a grandiosidade da bondade de Deus ao nos incumbir missões desse porte. Amém!
[1] A síndrome de West é uma forma grave de epilepsia em crianças. Recebe o nome em homenagem ao médico inglês William James West (1793-1848), que foi quem primeiro descreveu a síndrome em 1841. É relacionada com a idade, geralmente ocorrendo entre o terceiro e décimo segundo mês, geralmente se manifestando no quinto mês. Possui diversas causas, sendo geralmente causada por disfunções orgânicas do cérebro cujas origens podem ser pré-natais, perinatais (causadas durante o nascimento) ou pós-natais. A sua prevalência é de cerca de 1 em cada 4000 ou 6000 nascimentos. Estatisticamente os meninos são mais afetados que as meninas, numa taxa de dois meninos para cada menina. Quando meu filho nasceu a incidência era de 1 em cada 1000 nascimentos.
[2] Doença infecciosa causada pela bactéria Salmonella typhi. É considerada uma doença grave onde apresenta constante febre, alterações intestinais, aumento das vísceras e se não tratada pode ocorrer uma confusão mental e levar à morte.

Comentários

  1. O Leo é um presente de Deus com certeza.
    Parábéns pelo blog.Deus te abençoe grandemente...bjusss

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