UMA GRANDE FAMÍLIA: O MUNDO


Todos nós fazemos parte desse grande universo: o mundo. Aqui nós nascemos, crescemos e morremos. Aqui nós formamos famílias, adquirimos uma identidade, um nome, estabelecemos residência, conquistamos cargos e alcançamos posições. Aqui nós traçamos metas e objetivos e, aqui nós vivemos segundo a permissão de Deus até o dia em que Ele nos tomará para Si ou nos lançará no lago de fogo. Depende exclusivamente de nós o destino que nos será dado.
Querido leitor, eu venho refletir contigo acerca de um assunto que entendo como importante, como o fato de as pessoas pensarem erroneamente que quando morrem para o mundo, devem simplesmente isolar-se dele. Como se nele não vivessem mais, como se dele não fizessem mais parte, vivendo egoisticamente para Deus, esquecendo que continuam fazendo parte de um contexto maior, no qual estão inseridos e que, bem ou mal o sustenta neste espaço. Eu me refiro as pessoas que pensam que ao ter tido um encontro com Deus, acreditando ter renascido em Cristo e transformados em nova criatura, estão livres de tudo, com sua missão cumprida, virando literalmente as costas para o mundo quando, na verdade, é agora que a sua verdadeira missão inicia.
Quando a bíblia relata em 1 joão. 2:15: “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele” não está tratando de uma questão espacial1, como a rejeição do planeta, da vida, da história, da sociedade, das pessoas, do Estado, do corpo, mas sim, ontológica2 e moral3 , nas formas de pensar, de agir, de organizar, que são contrários ao projeto de Deus.
O que assumimos é mais do que vida e ministério em um tempo dado (chronos), mas no tempo marcado pela Providência, designado por Deus para nossa missão (kairós). O que João está rejeitando? “... a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida...”, ou seja, o pecado. A isso ele chama, metaforicamente, de “Mundo”. “A isso rejeitamos; aos homens amamos (CAVALCANTI, 2002).
Por isso, quando uma pessoa tem um encontro verdadeiro com Deus, morrendo para o mundo e renascendo em Cristo, conforme a bíblia relata em 2 Coríntios 5:17 “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” ela morre para as coisas pecaminosas, as coisas carnais, mas não morre para a vida cotidiana e para o amor ao próximo.
Os dois maiores mandamentos são: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento.'' (MATEUS 22:37,38) e ”Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” (MATEUS 22:39). Portanto, AMAR A DEUS SOBRE TODAS AS COISAS e AMAR AO PRÓXIMO COMO A NÓS MESMOS significa continuar vivendo NO mundo, interagindo COM o mundo e vivendo PELO mundo, ou seja, cuidando de nossos irmãos, aqueles que ainda não renasceram em Cristo, aqueles que, por incrível que pareça, ainda não conhecem a palavra de Deus, ou mesmo aqueles que conhecem e que, por um motivo ou outro estão afastados, estão desviados, distantes do caminho verdadeiro. Significa EVANGELIZAR4 , ganhar almas e dividir galardão.
A bíblia diz em Mateus 28: 19-20 “Ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”.
Charles Finney5 afirmou que a tarefa do cristão era transformar o mundo. E não se transforma o mundo sem nele participar. É uma heresia6 dos desobedientes, dos medrosos, dos preconceituosos e dos acomodados a atitude de isolamento dentro das quatro paredes da igreja, o separatismo, a alienação de uma falsa “tríade da felicidade”: “trabalho-lar-igreja”, sem o exercício responsável de cidadania, como “sal” e “luz”7.
Entendo que o verdadeiro cristão precisa conservar e proteger vidas, atuando como SAL e LUZ, sendo verdadeiros exemplos de dignidade e solidariedade, influenciando positivamente seus irmãos, indo até eles e resgatando seu amor próprio e falando do verdadeiro amor de Deus. Portanto, faz-se necessário transpor as quatro paredes de uma igreja, ir ao encontro das almas perdidas, buscando as ovelhas que estão fora do aprisco, pois, as que estão dentro, estão supostamente protegidas. “Não precisamos alfabetizar a quem já sabe ler, mas aqueles que nunca tiveram acesso a uma escola”. Precisamos nos unir e servir de testemunho para nossos irmãos, afinal, já comprovamos “quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união” (SALMOS 133:1).
Devemos ajudar a todo e qualquer irmão que estiver precisando de ajuda, levando a palavra de Deus, onde quer que se encontre, sem considerar status, posição social ou estado de miséria, pois, não devemos esquecer que “grandes coisas vem embrulhadas em pequenos pacotes” (WILLIAM MCDONALD).
O bom ganhador de almas não se inibe por ter de falar o Evangelho num ambiente hostil. Nem fica pessimistamente se desculpando de que não vale a pena, ninguém vai aceitar, ou é difícil de fazer entender. Aquele que declara estar "na luz" mas odeia seu irmão continua, de fato, em completa escuridão. O homem que ama seu irmão e vive na luz, não tem razão alguma para tropeçar. Mas o homem que odeia seu irmão tem seu acesso à luz bloqueado e procura as apalpadelas seu caminho no escuro sem saber para onde ir, pois a escuridão o tornou cego (1 JOÃO 2:9-11).
Para concluir a reflexão, penso que o mundo, lugar de onde SAÍMOS, por acreditar que era lugar de TREVAS, para seguir a Cristo, é o lugar para onde devemos VOLTAR nosso olhar para resgatar nossos irmãos que não tiveram a mesma oportunidade de encontrar a LUZ. E não simplesmente esquecer que “noutro tempo éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor; andai como filhos da luz” (EFÉSIOS 5:8).
Outrora eu era "trevas", mas agora, como cristã, sou "luz". Devo viver, pois, como filha da luz. A luz produz em nós tudo o que é bom, justo e verdadeiro. Devemos deixar nossas vidas serem provas vivas das coisas que agradam a Deus. Devemos afastar-nos das atividades infrutíferas das trevas. Pois a luz é capaz de mostrar todas as coisas como elas realmente são. É possível que a luz transforme em luz as coisas sobre as quais é refletida.
Meus queridos leitores, o mundo hoje está em completa escuridão, há um blackout total na esfera espiritual. Precisamos agir urgentemente. Sejamos o reflexo da luz de Deus para o MUNDO, a nossa FAMÍLIA que não pode ser esquecida.



Marilda Monteiro


1 Relativo à Espaço (lugar ocupado).
2 Relativo à Ontologia (em grego ontos e logoi, "conhecimento do ser") é a parte da filosofia que trata da natureza do ser, da realidade, da existência dos entes e das questões metafísicas em geral. A ontologia trata do ser enquanto ser, isto é, do ser concebido como tendo uma natureza comum que é inerente a todos e a cada um dos seres.
3 Conjunto dos costumes e opiniões de um indivíduo ou de um grupo social respeitantes a comportamento.
4 Referente à Evangelismo ou Evangelização é a pregação do Evangelho Cristão (a mensagem cristã) e, por extensão, qualquer forma de pregação e proselitismo, com fins de adquirir adeptos, produzir conversão ou mudanças de hábitos, crenças e valores.
5 Considerado um grande evangelista, o precursor das chamadas cruzadas evangelísticas, das quais a maior expressão foi Billy Graham, declaradamente seguidor de seus métodos.
6 Doutrina ou linha de pensamento contrária ou diferente de um credo ou sistema de um ou mais credos religiosos que pressuponha(m) um sistema doutrinal organizado ou ortodoxo..
7 O sal e a luz são elementos indispensáveis à vida. O sal tem servido como tempero e conservante. A luz, além de fonte de vida, é também proteção da vida. O Senhor assimilou-nos ao sal e à luz porque ele deseja que a nossa ação no mundo seja semelhante. À luz da Bíblia o cristão é o sal da terra com a sua influência conservadora e a luz do mundo com a sua influência exemplar.

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